quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Que o amor a Deus seja verdadeiro


Os que amam em impureza e perversão , que buscam apenas o puro gozo e buscam em Deus seus próprios interesses , esses não amam e louvam sua exclusiva bondade, mas buscam seus próprios interesses e querem saber apenas até que ponto Deus é bom para eles, ou seja, em que medida lhes revela sua bondade de modo perceptível e os beneficia . Esses o têm em alta estima , são alegres , cantam e louvam enquanto dura esse sentimento . 

Quando , porém , Deus se oculta e 
retira o esplendor de sua bondade , deixando-os no desamparo e na miséria , acaba-se também seu amar e louvar , não sendo capazes de amar e louvar a bondade pura e imperceptível como ela se encontra oculta em Deus . Com isso, demostram que seu espírito não se alegrou em Deus , seu salvador , e que não existiu um verdadeiro amar e louvar da pura bondade de Deus .

Demostram mais prazer na salvação do que no salvador ; mais nos dons do que no doador ; mais na criatura do que em Deus .Pois não são capazes de permanecer iguais na abundância e na carência , na riqueza e na pobreza , com diz São Paulo : " Aprendi a poder ter abundância e a poder sofrer carência " (Fp 4:11s.).

Martinho Lutero
Obras selecionadas Vol . 6 pagina 33

3 comentários:

  1. Muito proveitoso, para meditação e edificação (desde que as meditações ocorram sob a graça salvífica de Deus e tenham sustentação na Santa Escritura), este assunto, Ir. Álvaro.

    Penso que, na experiência de cada salvo, precise ser desfrutado, experimentado e posto em prática através de pensamentos, palavras e obras, o amor a Deus (e, por consequência, ao próximo), do tipo que é "fruto do Espírito". (Gl 5: "o fruto do Espírito é... amor"- e várias outras coisas também).

    Este amor (que consiste em uma das inúmeras formas de manifestação do Espírito de Deus na vida dos santos) é sobrenatural (embora seja encontrado na vida de seres humanos, mas apenas dos que já são nascidos de Deus), é saudável para aos santos, é aprovado por Deus e a Este glorifica.

    Acredito que outro tipo de amor seja aquele praticado por crentes sinceros mas que, por falta de sabedoria dos mesmos, não é fruto do Espírito, não é sobrenatural, não é saudável para a Igreja de Cristo, não é o Senhor que opera, Deus não o aprova nem o recebe e, naturalmente, não glorifica a Deus. Suponho que a Escritura nos mostra esse amor através de - por exemplo - Pedro quando ouviu o seu Senhor dizer que Lhe era necessário ser maltratado pelos homens, e o apóstolo - em seu zelo carnal - disparou: "Tem pena de Ti mesmo! Isso jamais te acontecerá!". Ao invés de elogiá-lo, o Senhor - que discerne tudo - disparou também: "Para trás de mim, Satanás", que não cogitas das coisas de Deus, mas dos homens".

    O Senhor, que é amoroso, não aceitou esse amor de Pedro e, acima de tudo, reprovou e condenou. E ao Espírito de Deus aprouve que ficasse registrado para ensino e edificação da Igreja de Cristo. (Noutra ocasião Pedro também declarou ousadamente que ainda que todos abandonassem seu Mestre, ele não o faria. Jesus não acreditou nesse amor, Pedro abandonou o Senhor e o Espírito Santo fez que se registrasse o fato para nosso ensino.)

    - Preciso interromper a postagem aqui. Mas espero, tão logo possível, poder abordar mais outros tipos de amor ("verdadeiros", claro; pois nenhum "falso amor" deveria ser chamado de "amor"); e espero - PRINCIPALMENTE - poder ler contribuições de santos sobre o assunto, para minha edificação.

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  2. Outro "amor" verdadeiro (se é que podemos assim falar) que a Escritura nos apresenta, pode ser observado em, por exemplo, At 10, na vida de Cornélio: "as tuas esmolas e as tuas orações tem subido... PARA MEMÓRIA..." (não para galardão) "à presença de Deus".

    O bom testemunho - e dado pelo próprio Deus, não por nenhum ser humano falível e que pudesse se equivocar quanto ao coração daquele centurião - não deixa dúvidas quanto ao fato de que o mesmo amava ao Deus verdadeiro e de um modo verdadeiro, embora não tivesse ainda experiência pessoal de justificação e filiação.

    Não vejo como alguém conseguir em At 10, encontrar uma dessas duas coisas:

    1ª) Que o amor dedicado por Cornélio a Deus não fosse genuíno. (Se o próprio Senhor deu testemunho de haver recebido e registrado esmolas e orações feitas por ele, o coração do mesmo poderia estar vazio de amor a Deus ou com falsidade em relação a Este?)
    2º) Que o amor dedicado por Cornélio a Deus fosse fruto do Espírito. (Se o próprio Senhor falou ao centurião da necessidade de receber o Espirito através da pregação de Pedro, o amor que então operava no coração do centurião era fruto do Espírito, não estando Cornélio sob a operação do senhorio de Cristo em sua vida pessoal?)

    No caso de Cornélio, entendo que este não poderia - mesmo que o quisesse e se esmerasse por conseguir - dedicar a Deus o amor que o Senhor deixou para Sua Igreja. E não podia - até ouvir e crer na mensagem trazida por Pedro - simplesmente porque em Cornélio este amor ainda não habitava e, consequentemente, não poderia ser posto em prática.

    No caso de Pedro, entendo que havia esse amor; mas Pedro, por algum motivo (falta de sabedoria, falta de vigilância, fraqueza, desobediência- não sei ao certo), deixou - quando afirmou "nada disso te acontecerá" e quando lançou mão da espada para tentar impedir o cumprimento do sofrimento do Messias - de expressar esse amor. (Pôs em prática um amor - sincero e honesto - mas que o Senhor não aceitou).

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  3. Ainda "outro amor" verdadeiro pode ser observado nas vidas de incrédulos. (Uns incrédulos, porque ainda não tiveram oportunidade de ouvir o Evangelho; outros porque, mesmo já tendo ouvido, optaram deliberadamente por não crer e não obedecer).

    Pessoalmente, conheci um ateu (casado com uma parenta minha) educadíssimo, conversando inclusive sobre a Bíblia e sem dela escarnecer nem desprezar, mas apenas considerando-a nada mais que uma obra humana muito bem escrita e com profundas lições de moral e ética, cuja obediência traria resultados positivos não só a qualquer que as praticasse mas, coletivamente, à sociedade que adotasse os ensinos nela contidos.

    Esse cidadão se dizia ateu e, até onde sei, morreu como ateu; mas dou testemunho do amor conjugal e paternal que vi, da parte dele, em sua casa, para com sua esposa e filhos. (Fruto do Espírito... Não posso acreditar- nem que alguém me garanta!).

    De minha parte, não creio que, por exemplo, um pai ou mãe que adora a algum deus que não o Verdadeiro, esteja - já que não conhece nem desfruta do senhorio de Cristo em sua vida - incapacitado de amar com amor verdadeiro seu cônjuge e filhos. (Só que não creio que tal pai ou mãe possua e dê testemunho do fruto do Espírito em sua vida).

    É verdade que o Senhor admoesta Sua Igreja: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos- se vos amardes uns aos outros"; mas é óbvio que cabe à Igreja amar "com o amor com o qual Ele nos amou primeiro".

    Meu entendimento é de que não seja verdade dizer que todo amor que há nas pessoas fora do Corpo de Cristo seja, necessariamente, "falso" ou "impuro". Agora... nas vidas dos santos, o amor que precisa estar em operação é o fruto do Espírito e não o amor com o qual todo ser humano já nasce.

    Quando eu ponho em prática o amor - ao Senhor, aos irmãos, aos pecadores, etc - que procede de minhas emoções naturais mas não é resultante da operação do Espírito de Deus através de mim... assumo a mesma condição de Pedro (nos episódios citados): torno-me necessitado de correção da parte do Senhor.

    Quando um santo põe em prática o amor de Deus que nele está depositado pelo Epírito Santo, o Evangelho é testemunhado nessa atitude, alguém é alcançado por Deus, a Igreja de Cristo é edificada, esse salvo de modo algum ficará sem este seu galardão e o Nome do Senhor é glorificado.

    Como filho de Deus no Evangelho de Cristo, sou "o sal da terra" quando o amor de Deus em mim é posto em prática; quando o amor que ponho em prática não vem dEle, fui - nessa ocasião - "insípido", tanto quanto se não houvesse praticado amor nenhum.

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