domingo, 24 de novembro de 2013

Calvinismo e Evangelismo são Incompatíveis?



De vez em quando surge no meio "cristão arminiano" alguns jargões tendenciosos acerca da teologia reformada. Jargões tais como "calvinista não evangeliza", " a doutrina da eleição é incompatível com o evangelismo", " o calvinismo consistentemente praticado é incompatível com o evangelismo", entre outros.  Infelizmente, tais cristãos que assim agem, demostram o quanto desconhecem o calvinismo.

Indagam os arminianos : " Se Deus já tem seus eleitos por que então evangelizar a todos?"

Primeiramente é necessário dizer que a eleição soberana de alguns para a salvação não é incompatível com o evangelismo de forma alguma. Por que? É simples, o Deus que determinou os fins , também determinou os meios pelos quais estes fins seriam estabelecidos. Ou seja, o Deus que determinou eleger alguns, também determinou os meios pelos quais os escolhidos seriam salvos. E o meio mais comum não é outro senão a evangelização. Deus decretou salvar os escolhidos  através da proclamação do evangelho.

Mas, como os críticos do calvinismo não se conformam com a resposta acima, eles insistem perguntando:" Ora, mas e se ninguém evangelizasse, como ficaria a situação dos tais eleitos?". Bom, isto é simplesmente impossível de acontecer, pois, levando em conta a verdade bíblica de que "nenhum dos planos de Deus poderão ser impedidos", podemos, baseados nesta certeza, crer que Deus sempre preservará remanescentes para cumprir o seu "ide". ( Jo 42:2, Rm 11:4).

Continuando, gostaria de expor algumas razões porque mesmo crendo na eleição continuo evangelizando.

1- Evangelizo porque Cristo assim me ordenou(principal razão).

2- Evangelizo à TODA CRIATURA pois não conheço quem são os eleitos.

3- Evangelizo porque sei que Deus tem seus escolhidos em todas as partes do mundo, e a certeza de que Deus irá salvá-los, me motiva na busca pelos tais.

4- Evangelizo pois busco imitar todos os grandes homens de Deus da história da igreja( na sua grande parte calvinistas) que com amor, anunciavam o evangelho sem em nada comprometer suas convicções.


Pois é, a pregação do evangelho através de homens do passado e do presente tais como " Spurgeon, Jhonatan Edwards, George Whitefield, John Piper, Paul Washer," entre tantos outros, provam o quanto estão enganados os críticos do calvinismo.

Também não poderia esquecer de outro jargão usado contra o calvinismo. Aquela velha falácia que diz que "não pode existir evangelismo consistente, quando se abraça o calvinismo". Esta falácia está baseada justamente em outros jargões tais como " Jesus não desiste de você"; " Jesus não poderá fazer nada se você não permitir" ; Jesus ama o pecador mas odeia o pecado", entre outros. Para alguns irmãos, não existe evangelismo autêntico sem esses jargões que são derivados de um "movimento novo" chamado de "apelo" que surgiu no século XVIII por evangelistas e reavivalistas, tais como Lorenzo Dow, James Taylor, Charles Finney entre outros.

A verdade é que os apóstolos não usavam tais frases de efeitos para tentar convencer os pecadores. Eles pregavam o arrependimento e a salvação por meio de Cristo, só isto. Lendo At 2:14-47, At 17, ou melhor, lendo todo o livro de Atos, aprendemos com os apóstolos. Eles nunca precisaram usar estes jargões.

Os grandes evangelistas tais como Spurgeon, Edwards , George Whitefield, seguindo o modelo dos apóstolos, nunca precisaram usar tais discursos para convencer ninguém. E, mesmo assim, os resultados de tais pregações foram magníficos. Milhares de vidas confessando à Cristo como Senhor e salvador. Uma prova de que não é preciso usar palavras recheadas de emocionalismos baratos para que os resultados aconteçam.

O que dizer então do sermão " pecadores nas mãos de um Deus irado"? Não existe nenhum desses jargões neste maravilhoso sermão. Jhonatan Edwards, usado poderosamente por Deus, pregou o evangelho do arrependimento sem malabarismos. E o resultado disto? Milhares de vidas para Cristo.

O que é então o evangelho autentico? Ora, de acordo com as escrituras o evangelho verdadeiro é aquele que apresenta o arrependimento. " Arrependei-vos e crede no evangelho".(Mc 1:15) A responsabilidade dos verdadeiros evangelistas é justamente anunciar este arrependimento e dizer que Cristo morreu por pecadores, e que Ele, por meio deste sacrifício, nos garantiu a salvação. Já os atos de "convencer, regenerar e conceder fé ao pecador" é com o Espírito Santo.

Devemos pregar a verdade de que "se não houver arrependimento, não haverá salvação", mas em contrapartida, não devemos esquecer de salientar que "é o próprio Deus que nos concede o arrependimento salvífico". E este arrependimento ele dá a quem quer( 2 Tm 2:20, Rm 9:15). Isto não é contradição, é simplesmente o evangelho, e é justamente por esse e outros motivos que tal mensagem é tida como "loucura" para os que perecem.( 1 Co 1:18)

Você também não precisa dizer que "Jesus ama o pecador, mas aborrece o pecado", pois a bíblia não diz isto. Muito pelo contrário, ela diz que Deus detesta os ímpios. Vejamos :

"O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia." (Salmos 11:5)

""Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta:
olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal,
a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos." (Provérbios 6:16-19)

""Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal." (Salmos 5:5)

No entanto, devo salientar que, tais textos, falam de pessoas que permanecem no pecado, e não de pessoas que pecaram mas se arrependeram. De acordo com as escrituras "Deus ama os pecadores que se arrependem e permanecem em arrependimento". O amor salvífico de Deus é exclusivo ao seu povo eleito.

Diante de tudo o que já foi escrito, fica claro que a tentativa de desassociar a fé reformada do evangelismo é simplesmente inútil, como também tendenciosa. Poderíamos continuar, mas o que está escrito nos é suficiente.

Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues

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