sábado, 13 de outubro de 2018

Usando armas para a glória de Deus



Se é verdade que a mente de Deus é superior à mente humana, é verdadeiro, portanto, o fato de que as Leis divinas são superiores às leis humanas. E se as leis divinas são superiores às leis humanas, admitimos, por necessidade, a superioridade do ensinamento moral claramente explicado e defendido pelas Escrituras(que é a mente de Deus) sobre o direito à legítima defesa. Começamos , portanto, afirmando que do Antigo ao Novo testamento o uso de armas para o exercício deste direito é um fato claramente exposto nas Escrituras, e que, neste sentido, seu uso é legítimo( Gn 14:14; Lc 22:36-38). Assim sendo, quando utilizada para o exercício da legítima defesa, torna-se uma forma de glorificar a Deus.

Evidentemente, nem todos os cristãos acreditam dessa forma. São várias as objeções dos cristãos desarmamentistas e cuidaremos de responder, ao menos, as principais dessas objeções.

 Primeira Objeção: " O uso das armas para a legítima defesa não encontra amparo em lugar nenhum da Escritura. 

Resposta: Para os leitores preguiçosos, de fato o amparo não é encontrado. Mas para aqueles que se debruçam e estudam com afinco as Escrituras, o ensinamento sobre a legitimidade do uso de armas para auto-defesa torna-se evidente. Antes mesmo dos tempos da Lei, mais precisamente em Gênesis 14:12 é dito que Ló, sobrinho de Abraão, foi vítima da agressão de alguns reis da época, e no versículo 14, Abraão ARMOU os seus e foi em busca dele visando garantir sua integridade física e protegê-lo.  Já no Novo Testamento, o uso de armas é visto em Lucas 22:36-38 que diz: “Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a”. Aqui o Senhor claramente autoriza seus discípulos a comprar uma espada. Alguns cristãos deturpam o texto afirmando que aqui Cristo fala no sentido figurado. Ora, essa interpretação não faz o menor sentido e é desmontada pela própria Escritura em Mateus 26:52, onde claramente se nota que Pedro tinha uma espada literal.
Por outro lado, é um fato cristalino que o cidadão desarmado se encontra em desvantagem em relação ao bandido armado que o agride. Enquanto o bandido está armado, o cidadão desarmado torna-se uma vítima fácil. Sob quais condições o cidadão desarmado irá exercer seu direito de legítima defesa estando em condição de clara desvantagem? Como o cidadão irá se defender sendo alvejado? Usando a barriga? Talvez, colocando os pés? Ou seria melhor usar as mãos? Se o cidadão conseguir parar um tiro com a mão, ótimo. Mas como isso é improvável, temos mais um motivo para armar os cidadãos de bem. Estou convencido de que com uma arma, a possibilidade de abater o agressor é maior

Segunda Objeção: A bíblia em Mateus 5:39 diz que deveríamos oferecer a outra face aos agressores. Não devemos ser vingativos!


Resposta:  Cabe ao objetor provar em qual parte da bíblia a legítima defesa é definida como vingança. Qual texto é base para se chegar a uma conclusão tão estúpida como essa? O indivíduo que sempre levanta esta afirmação pensa ser mais sábio que Deus, pois busca redefinir o que Deus definiu. Em lugar algum da Escritura agir em legítima defesa significa agir por vingança(Ex. 22:2). É bem verdade que em uma situação, alguém, com o argumento de que está se utilizando da legítima defesa, possa ser levado a agir de maneira excessiva, isto é, de maneira vingativa. Por exemplo, quando o bandido já está totalmente rendido, e a vítima, tomada pela raiva por causa do susto do assalto, resolve matá-lo. Mas nessa situação hipotética a legítima defesa deu lugar a vingança, de forma que as duas coisas ainda são separáveis, portanto, não iguais. A legítima defesa é uma coisa, a vingança é outra.  O texto de Mateus 5 fala de atitudes vingativas, não de ações em legítima defesa.

A legítima defesa não é vingança pelo simples fato de não termos escolhido a opção entre ter de agredir ou não, e até mesmo, em último caso, de alvejar ou não o bandido que está nos alvejando. Em uma ação de vingança o indivíduo age de maneira premeditada e assassina, em uma ação de legítima defesa o indivíduo age como último recurso em favor de sua sobrevivência que está sendo ameaçada. 

Terceira objeção: Não posso matar em legítima defesa, pois o livro de Êxodo 20 nos diz: " não matarás".

Resposta:  Em Êxodo 20, o termo não  " matarás",  no hebraico, é "ratsach", que significa "assassinato". O texto não fala do matar como ato último e necessário à sobrevivência pessoal por ocasião do exercício da legítima defesa, mas do ato premeditado de morte sem motivos justificáveis que é o assassinato. Do contrário, o próprio Deus estaria entrando em contradição, pois no mesmo livro Ele diz: "Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue" (Êxodo 22:2). A resposta é bem simples: Deus nunca definiu "matar em legítima defesa" como "assassinato". Se Deus não definiu assim, quem o cristão desarmamentista pensa que é para definir de outra maneira? Quando o cristão desarmamentista busca definir os termos, ele, com isso, busca ocupar o lugar de Deus e ser mais sábio do que Ele. O que é um claro sinal de idolatria e blasfêmia.

Quarta objeção: Na bíblia, matar em legítima defesa é sempre matar acidentalmente, do contrário, seria assassinato.

Resposta: Errado. No exercício da legítima defesa, é possível também matar como último recurso. Em uma ocasião onde você está sendo alvejado pelo bandido, o último recurso nesse caso é atirar para matar como único meio de sobrevivência. Atirar em regiões não fatais apenas para ferir não seria um bom recurso, pois, provavelmente, o bandido ainda vivo continuaria atirando em você. Nesse caso, não seria assassinato pois a luta da vítima foi pela sobrevivência. A vítima não queria e não buscou a situação; a situação veio ao seu encontro e exigiu dela o último recurso fatal. 


Quinta Objeção: Jesus repreendeu Pedro e o mandou guardar a espada quando este a usou  para cortar a orelha de Malco. Mateus 26:52-54, dizendo:


Embainha a tua espada, pois todo aquele que usa a espada irá perecer pela espada. Ou você pensa que eu não posso agora orar a Meu Pai, e ele me mandaria mais do que doze legiões de anjos? Como, então, pode ser cumprida as Escrituras dizendo que isto deve acontecer?


Resposta: Em primeiro lugar, esta passagem não favorece em momento algum a ideia desarmamentista. Ora, vários motivos levaram Cristo a repreender Pedro. Primeiro: Pedro agiu com imprudência, visto que Cristo e ele, não haviam sido atacados. Segundo: na passagem paralela de Mateus 26:52-54, Jesus diz: "Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (João 18: 10,1). Aqui Cristo deixa mais claro que a ação de Pedro era imprudente, pois a prisão e a sua  consequente morte estavam decretadas pelo Pai e deveriam ocorrer. A profecia deveria ser cumprida; Cristo deveria padecer pelos nossos pecados e Pedro pecou ao tentar impedir isso. Terceiro: quando Cristo repreende Pedro, Ele não diz " Pedro, jogue a espada fora!", Ele diz "guarde a tua espada(põe tua espada na bainha). Por último, quando Cristo acrescenta dizendo "quem usa a espada irá perecer pela espada", Ele diz isto no contexto da imprudência de Pedro e não como referência ao exercício legítimo da auto-defesa, do contrário, Ele entraria em contradição com o que disse em Lucas 22:36-38 quando ordena os discípulos a comprar espadas. Mas como Cristo não se contradiz, a contradição só pode estar em um lugar, coincidentemente ou não, ela está na genial cabeça do cristão desarmamentista.

Talvez estas sejam as principais e mais conhecidas objeções. Por hora, ficaremos apenas com essas na certeza de responder outras em outro momento. Sendo assim, estou convicto de que a utilização de armas encontra claro amparo nas Escrituras, e encontrando amparo, pode e deve ser utilizada para a glória de Deus. Como diz Paulo: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus"(1 Coríntios 10:31). A arma é utilizada para a glória de Deus quando é utilizada dentro dos parâmetros da revelação; isto é, quando é utilizada pelo estado como ministro da vingança de Deus(Romanos 13), e também pelo cidadão comum com a finalidade não de vingança(que cabe apenas ao estado), mas para a auto-defesa pessoal, da família, etc. 
O leitor pode objetar "como alguém pode glorificar a Deus com uma arma?" Ora, e por que não glorificaria? Se defender minha família é um princípio defendido por Deus(1 Tm 5:8), quando adotamos esse princípio, estamos obedecendo a Deus, e quem obedece a Deus, glorifica a Deus com a sua obediência(1 Sm 15:22). Assim sendo, quando o estado cumpre com sua função de ministro vingador de Deus, conforme Romanos 13, utilizando a espada na aplicação dessa vingança, o estado com isso glorifica a Deus e sua justiça. E o cidadão comum, quando utiliza a arma para o exercício da legítima defesa, glorifica a Deus e a sua palavra.

Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues