quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Gênesis 3:16 abona o machismo ensinando a inferioridade da mulher?



Gênesis 3:16 é um dos textos utilizados pelos incrédulos para fundamentar a proposição de que "a bíblia abona o machismo e a inferioridade das mulheres em relação aos homens". Para esses incrédulos, a expressão " o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará", é a prova cabal de que a escritura é machista e que legitima a opressão sobre as mulheres. Além disto, o outro argumento utilizado por estes não- crentes para fundamentar a ideia de que o texto é machista é que "o texto parece demostrar que somente a mulher sofreu com as devidas consequências da queda". Ora, na verdade existem outros textos que são utilizados para fundamentar as tais proposições dos incrédulos, mas no momento apenas irei me deter em analisar Gênesis 3:16 e responder as tais objeções levantadas contra a relevação bíblica, bem como analisar o real sentido da submissão da esposa ao marido, entre outras questões que são resultantes do tema.

Gênesis 3:16 diz : "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará"

Em primeiro lugar, situando o versículo, o que está sendo tratado nele, bem como em boa parte do capítulo, é o terrível fato da queda do homem, e, logo em seguida, das consequências resultantes desta queda.  É preciso entender que, com a queda, toda parte da criação de Deus sofreu com as devidas consequências, e a mulher não ficou imune  à esta dura realidade. No entanto, alguns desses críticos  se esquecem que, neste mesmo capítulo, é falado que o homem também tem participação nas consequências da queda; não somente a mulher. No capítulo 3 de Gênesis, mais precisamente no versículo 17, é dito que Deus faria o homem sofrer dores para conquistar o pão diário e se manter. Portanto, não só foi a mulher que sentiu na pele as consequências da queda; o homem também. Agora, quanto a questão do texto em análise e sua afirmativa de que o homem irá dominar a mulher, alguns esclarecimentos são necessários.

Primeiramente é bom lembrar que a questão da liderança, muito antes da queda, já era uma função dada por Deus ao homem, tanto é que fora dada a Adão a responsabilidade de cuidar do Jardim(Gn 2:15), sendo a mulher a sua ajudadora(Gn 2:18). Como também, o Apóstolo Paulo fundamenta o princípio da submissão não como uma consequência da queda,  mas na perfeita ordem da criação estabelecida por Deus antes dela(1 Tm 2:13).  Em segundo lugar, quando o texto diz que o homem dominaria a mulher, refere-se ao fato de que esta relação de submissão, que antes da queda era harmoniosa, agora seria, na maior parte dos casos, desarmoniosa; ou seja, o homem iria, mediante a força ou por outros meios incorretos, buscar dominar a mulher, e a mulher buscaria, em muitos casos, resistir a esta dominação. E é isto o que de fato acontece. Então, primeiramente nota-se que o texto não ensina a questão da submissão como algo que é consequência da queda. O foco do texto é demostrar as consequências do pecado e a desarmonia que este pecado trouxe  para o que Deus havia definido naturalmente antes da queda, que era uma submissão harmoniosa, respeitosa e até amorosa da mulher para com o homem.  De forma que o texto está apenas testificando UM FATO que à partir da queda, como consequência, em vários casos se tornaria patente. Gênesis 3:16  não diz que Deus havia ordenado o homem controlar de forma abusiva, e muito menos tratar mal a sua esposa, diz apenas o que aconteceria à partir de então. Em outras palavras, o texto seria apenas a testificação de uma realidade  pós-queda. O texto não está tratando da vontade prescritiva de Deus, isto é, de um mandamento dado aos homens para que estes maltratem, agridam e não amem as mulheres. Para que o crítico da bíblia tenha razão em sua afirmação de que o texto é machista, ele primeiramente  deverá (no mínimo) provar que Deus ordenou em tal texto que o homem trate mal a sua esposa, ou que tal texto esboça um tipo de inferioridade da mulher. O texto só fala das consequências da queda, isto é, da incapacidade do homem e da mulher de , em alguns casos, cumprir com suas funções de líder( no caso o homem) e ajudadora(no caso a mulher).

Não há na Escritura nenhum mandamento que ordene o homem bater, humilhar, e até matar sua esposa; o que há é justamente o contrário. Na bíblia, existe um claro mandamento dado por Deus, por meio do Apóstolo Paulo, para que os homens amem as suas mulheres. Paulo, em Efésios 5:22-32, é tão enfático quanto a isto que repete por TRÊS VEZES o mandamento "maridos, amai vossas mulheres". E não somente isto, o apóstolo também diz "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela(5.25). Ou seja, o marido deve amar sua esposa da mesma forma que Cristo amou a igreja, isto é, com amor incondicional. Amar a mulher como Cristo amou a igreja significa estar disposto a morrer e, se necessário, passar por várias humilhações possíveis, e tudo isto por amor de sua esposa. Sim, é isso mesmo, o marido deve estar pronto para, se for preciso, até mesmo entregar sua vida por amor à sua esposa. Agora responda-me o inimigo da escritura: onde há nesta bíblia um único mandamento dessa natureza dado por Deus à esposa?  Simplesmente não existe! Não há na bíblia, nem mesmo  uma única passagem, que ordene a mulher entregar  sua vida e dar proteção ao seu esposo como cópia do modelo do amor de Cristo pela igreja.


Já quando se fala em submissão da esposa ao marido, significa dizer que ao homem foi entregue o papel de líder do lar. É enorme a diferença entre ser  líder e ser um ditador. Ao homem foi entregue a responsabilidade de liderar a sua casa. Deus delega líderes para todas as áreas da vida, seja no trabalho, na escola, no civil, etc.  Ele também não poderia esquecer da família. O papel do líder pode se resumir em duas palavras: provisão e proteção. O homem deve ser o provedor de seu lar, como também tem o dever de proteger sua família. A mulher corresponde isto sendo ajudadora e submissa a ele.  A mulher, por ser submissa, não está proibida de ter voz em sua casa(Mc 10:8). A mulher é o coração do lar; ela precisa ser ouvida e amada. O bom marido, em determinados momentos de conflitos, ouvirá as razões de sua esposa, e deve seguir as recomendações dela em muitos casos. Mas, quando não se chega a um denominador comum, a voz do líder deve ser considerada como palavra final, como acontece em qualquer lugar onde há uma liderança. Porém, devemos nos lembrar do fato de que esta submissão é no Senhor(Cl 3:18), ou seja, a mulher não deve se submeter ao marido que exige dela desobediência a Deus e Sua palavra. Outro detalhe importante é que submissão não implica inferioridade, mas sim no amor. O maior exemplo bíblico de que submissão não implica inferioridade é visto na pessoa de Cristo que "sendo Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas se submeteu ao Pai tomando forma de servo"(Fl 2). Ora, deste exemplo vemos a impossibilidade de ser cristão e defender que submissão implica inferioridade. Cristo não se submeteu ao Pai por ser inferior(Ele é Deus), mas por amor e obediência.  

Outrossim, é bom lembrar que,  numa perspectiva divina, o valor de uma pessoa encontra-se fundamentado na pessoa do próprio Deus que é o fundamento último de toda a realidade(visto não existir um princípio de autoridade maior que Ele)  e que, por isto, define o que é valor e o que não é. Deus não define a mulher como inferior ao marido por ela dever a este uma submissão; Deus não definiu Cristo como sendo inferior a Ele à partir do momento que Cristo quis ser Seu submisso. Então quem é o pseudo-cristão para levantar a proposição "submissão implica em inferioridade" quando Deus diz que não é assim?

Além disto, numa perspectiva puramente humana e profissional, entendemos que o valor de alguém não é medido pela função(profissão) que ele(a) tem, mas pelo compromisso com a função exercida. Um auxiliar de enfermagem pode até não ter o mesmo status que um enfermeiro, mas ele pode ser reconhecido como alguém de maior valor do que o tal enfermeiro, quando cumpre com suas responsabilidades e o enfermeiro não. Logo, o valor é medido pela responsabilidade da pessoa, não por suas funções. Este mesmo raciocínio vale para o princípio da submissão da esposa ao marido. A mulher não é inferior quando cumpre com a sua função de se submeter a ele. Muito pelo contrário, quando ela se submete, demostra biblicamente ser de valor tanto quanto o marido, pois cumpre com sua função de esposa. 

Desta forma, podemos sustentar a crença de que Gêneses 3:16 e toda a bíblia não abona o machismo ensinando a inferioridade da mulher. Quem faz tal acusação, prova para si mesmo a sua ignorância e desinformação no que refere-se à revelação escrita de Deus. A palavra de Deus permanece firme e inabalável para todo o sempre; ela não se contradiz. A  revelação escrita de Deus é o princípio último e fundamento de toda a realidade; sem Deus e a Escritura, não existe padrão coerente a ser seguido.

Sola Scriptura

Álvaro Rodrigues


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Refutações ao conceito de livre-arbítrio como o fundamento do amor genuíno


De acordo com os arminianos, não existe amor sincero e genuíno à parte da liberdade, isto é, do livre-arbítrio. Uma das grandes críticas dos arminianos à soteriologia calvinista é que "no calvinismo, Deus cria robôs programados para serem salvos ou se perderem. De forma que, por exemplo, não existe relacionamento de amor sincero entre Deus e os que foram escolhidos para serem salvos". Em outras palavras, para o arminiano, Deus predestinar incondicionalmente um homem para a salvação significa dizer que não há amor genuíno entre esse predestinado e Deus. Normalmente, essa critica arminiana é acrescentada pela falácia de que "no calvinismo, Deus violenta a liberdade e a vontade da criatura para que esta  seja salva". É como se a pessoa não quisesse ser salva, e Deus violentasse tal querer dizendo "não, você será salvo". Para os arminianos, os homens só não irão ter suas vontades violentadas enquanto existir neles o poder do livre-arbítrio. Ora, as objeções arminianas são ilógicas, e é isto que demostraremos agora.

O arminiano diz: "No calvinismo, Deus cria robôs programados para serem salvos ou se perderem"

Resposta: Essa afirmação arminiana não faz o mínimo de sentido. Por quê? Porque ao contrário dos robôs, o homem tem uma consciência,  sentimentos, vontades, desejos etc. Isto por si já refuta a proposição arminiana. Além do mais, apesar do homem não ser livre dos decretos divinos, ainda assim ele tem vontades e escolhe agir de acordo com sua natureza que, após a queda, encontra-se decaída(Lc 6:43). Digamos que o homem tem uma vontade condicionada, e não totalmente livre. O homem quando peca, quis pecar. O pecado é algo no qual a natureza humana se deleita(Rm 3). O homem, após a queda, perdeu a sua capacidade de obediência aos mandamentos divinos(Gn 8:16) Somente mediante a operação divina, através da vivificação, é que tais homens poderão escolher obedecer os mandamentos de Deus(Ef 2, Jo 5:21, 6:44). Ora, respondida a primeira objeção, partiremos para a próxima que irá requerer  uma atenção maior.

O arminiano diz: "Não existe relacionamento de amor sincero e genuíno sem a liberdade".

Resposta: Primeiramente, não é o arminiano quem define o que é amor sincero. Qual é o padrão último pelo qual as proposições cristãs devem buscar fundamentação? É A ESCRITURA. Portanto, é a bíblia quem define o que é amor sincero ou não. E não encontramos em lugar algum da escritura fundamento para a afirmação arminiana de que o amor genuíno vem da liberdade. A bíblia diz que o amor vem de Deus. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo diz que "Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, E DE AMOR, e de moderação"( 2 Tm 1:7).  Quem nos deu um espírito disposto a amar? O texto nos responde:  Deus nos deu, não o próprio homem! Ora, o homem não pode amar se não for capacitado por Deus primeiramente. O amor genuíno vem de Deus, não do homem. A disposição de amar é dada pelo próprio Senhor, visto que nenhum homem pode amar genuinamente a Deus à parte de uma transformação em seu coração(Ez 36:26,27). A liberdade da vontade não define a validade do amor; Deus em quem define. Portanto, o fundamento do amor autêntico é Deus, não a liberdade humana.

É bem verdade que o arminiano responderia  essas colocações evocando a ideia de que Deus daria ao homem uma graça preveniente que proporcionaria as condições necessárias para o exercício da "liberdade como o fundamento do amor genuíno". Para Armínio, o Senhor Deus, levando em conta a incapacidade humana de corresponder a Sua vontade, teria derramado sobre todos os homens que são alcançados pela pregação, a sua graça salvífica para que por fim sejam eles capazes de amar a Deus livremente. Esta graça seria capacitadora e dependeria, em última instância, da decisão humana para que os efeitos salvíficos  dela fossem de fato realizados. A graça preveniente despertaria os homens de sua morte espiritual dando a eles condições de responderem ao chamado de salvação. Essa posição parece fazer bem ao nosso ego, mas ela, quando analisada em profundidade, não pode esconder suas falhas e incoerências. 

Ora, está claro que a finalidade de se evocar a graça preveniente, nos moldes arminianos, não é outra senão a de proteger "a liberdade humana como fundamento do amor genuíno". Mesmo com a graça preveniente, continua em questão a máxima arminiana de que "para que haja amor verdadeiro e responsabilidade moral, os homens devem(por necessidade) ser livres".  Em última instância, o que importaria para o arminiano seria a preservação da liberdade como fundamento do amor sincero. A graça preveniente não seria o fundamento do amor, mas seria apenas UM MEIO para se chegar ao fundamento que é a liberdade.

A falha teológica da concepção de graça preveniente nos moldes arminianos é que, se Deus derramou essa graça sobre todos os que escutam o evangelho, a consequência lógica seria que não existem mais os ignorantes, cegos e mortos espirituais. Todos agora podem ir a Deus, pois, mediante a graça preveniente, entendem as implicações da mensagem do evangelho. Só que isto contraria frontalmente Rm 3:11, quando o apóstolo diz: "Não há quem entenda, não há ninguém quem busque a Deus". Essa posição também contraria as nossas experiências de evangelismo, que demostram o alto nível de cegueira, ignorância e escravidão espiritual dos homens à medida que pregamos para eles. Claro, não estamos evocando a experiencia para fundamentar a escritura, é justamente o contrário; é a escritura que fundamenta esta realidade. Desta forma, textos como por exemplo o de Tito 2:11, que afirmam que a graça se manifestou salvadora a todos os homens, referem-se ao fato de que Deus não salva pessoas de  apenas uma raça, povo ou língua; mas que também salva pessoas de todas as nações do mundo. Em outras palavras, Deus tem seus escolhidos em TODOS os cantos da terra. Isto corrobora com o que o próprio Cristo falou em Jo 10:16 quando diz: "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor". O Senhor escolheu pessoas(ovelhas) de TODOS os tipos, ou de TODOS os lugares da terra; é neste sentido que a graça manisfestou salvação a todos os homens. Ademais, nem mesmo para o arminiano a graça salvífica é estendida a todos sem exceção. A graça salvífica, para o arminiano, é acompanhada pelo ato da pregação do evangelho, e sabemos que nem todos ouviram ou ouvirão o evangelho. E nisto o arminiano está correto, pois à parte do evangelho não há salvação, visto que Deus decretou salvar os crentes pela loucura da pregação(1 Co 1:21)

A segunda falha que podemos encontrar nessa concepção de graça no arminianismo é que, para Armínio, a graça regenera parcialmente o homem tirando este de seu estado de incapacidade e transportando-o para uma condição de capacidade em atender as exigências do evangelho.No entanto, a regeneração parcial é anti-bíblica, pois não há nenhuma regeneração desse tipo na escritura. Não existe transformação parcial, ou pela metade. O que existe é uma transformação eficaz, que de fato concede vida ao pecador ressuscitando-o de seus pecados(Ef2:1).O  homem não ressurge(regenerado parcialmente) para ser capaz de crer e, depois, escolher não crer para morrer espiritualmente de novo. O homem não se encontra em um estado de vivo-morto, morto-vivo. Ou ele está vivo e crê, ou está morto e por isso não crê. A obra de Cristo é poderosa; ela não é imperfeita ou feita pela metade. A bíblia refuta o conceito de regeneração parcial quando diz que os nascidos de Deus creem em Cristo(1 Jo 5:1), e não pecam deliberadamente(1 Jo 3:9). O raciocínio é simples: se creu de verdade em Cristo, foi nascido de Deus; se não creu de verdade ou permaneceu incrédulo, nunca foi nascido de Deus(1 Jo 2:19). Não existe meio termo, ou é, ou não é.

A verdade é que o arminiano jamais poderá explicar de forma coerente o que faz com que alguns que foram regenerados parcialmente(segundo a concepção arminiana) rejeitem o evangelho, e outros aceitem. Qual é a causa da aceitação de alguns e da rejeição de outros? É sabido de muitos que os arminianos tem pavor quando escutam o termo "causação". Entretanto, se as decisões humanas não são resultados da condição humana interior, o que causa então essas decisões?  Se a escolha não é causada por algum componente encontrado em nossa própria natureza, então ela é uma escolha no vácuo, sendo assim, por que eu seria responsabilizado por tal escolha? A verdade é que nossas decisões são causadas pela nossa condição interior,  e isto é respaldado pelo próprio Cristo quando disse que "uma árvore boa dá bons frutos, uma árvore má dá maus frutos"(Mt 7:17). Aqui está claro que, para Cristo, eu dou bons frutos(obedeço) quando JÁ SOU UMA BOA ÁRVORE, isto é, quando sou regenerado. Mas, quando não dou  bons frutos(desobedeço deliberadamente), NÃO SOU, ou AINDA NÃO ME TORNEI UMA ÁRVORE BOA, ou seja, não sou, ou ainda não me tornei um regenerado. A escritura não concede margens para se pensar em algum tipo de regeneração diferente. Desta forma, o arminiano falha em sustentar biblicamente a sua concepção de graça preveniente, e também falha em buscar fundamentar o amor genuíno na livre decisão ou liberdade humana por meio dessa graça. 

Uma questão crucial na teologia arminiana é que  Deus, segundo essa teologia, ama mais a liberdade do que a própria criatura. Se você estiver argumentando com um arminiano ele por vezes dirá que sua teologia busca proteger o caráter amoroso de Deus por suas criaturas. Mas a verdade é que o arminianismo não passa de uma tentativa humanista de tentar justificar as ações soberanas de Deus. Sabemos o fato de que Deus não depende de defesa nenhuma, muito menos precisamos tentar justificar as ações Dele a quem quer que seja. Muito menos seu caráter amoroso fica em xeque quando defendemos a Sua soberania absoluta. O erro do arminiano é acreditar  que o livre-arbítrio  resolve ou isenta Deus das más ações das criaturas. Um exemplo nos ajudaria a entender que o livre-arbítrio não resolve coisíssima nenhuma quando o assunto é a questão do mal. Ora, suponhamos que um grande amigo seu, caro leitor, o qual você diz amar e que daria a vida por ele, estivesse com um veneno em mãos para tomar e tirar a própria vida. Agora imagine você tendo todas condições possíveis para evitar com que seu amigo, o qual você ama, tome esse veneno e morra, e mesmo assim você nada fazer. Se esse seu amigo tomasse o veneno nessa situação você não se sentiria culpado também? Provavelmente, a sua resposta seria um sonoro SIM visto que você poderia ter evitado e nada fez. Você foi omisso, seus sentimentos de consideração e amor pelo seu amigo seriam colocados em duvidas por todos. Até mesmos as leis humanas, manchadas pelo pecado, enxergariam sua culpa(omissão em muitos casos, configura-se num crime). Bom, agora troque a palavra "você" por "Deus", e "amigo" por "seres humanos". Na teologia arminiana temos Deus como Todo-Poderoso e os seres humanos que comentem as mais diversas barbaridades. Deus, por ser Todo-Poderoso, pode ou poderia ter evitado as atitudes malignas dos homens, mas mesmo assim nada faz pois respeita a liberdade da criatura. Aqui fica mais do que comprovado o fato de que Deus, no arminianismo, ama mais a liberdade do que a própria criatura. Logo, a teologia arminiana não se preocupa com o caráter amoroso de Deus para com todas as criaturas, mas com o seu caráter amoroso para com a liberdade humana. Dessa maneira, a liberdade não resolve nada quando o assunto é as ações pecaminosas dos homens; apenas muda o problema de lado. Para o arminianismo, Deus no calvinismo é culpado de ser o "autor praticante da maldade" por ter decretado o mal; o que não é verdadeiro. Só que como já demostrado, o livre-arbítrio em nada resolve o problema, pois Deus no arminianismo poderia ser acusado de omissão, visto que nada fez quando poderia ter feito. Você seria capaz de chamar Deus de omisso, caro arminiano?

Observação: Não oferecerei aqui uma defesa abrangente da relação "Deus e o mal" segundo o meu entender como calvinista. Farei isto numa outra oportunidade, querendo Deus. Por enquanto, recomendo apenas o texto "O que penso sobre o decreto da queda". Neste texto demostro rapidamente a minha posição quanto a atuação e relação Divina com o pecado humano, em especial o  pecado de Adão.

O arminiano diz: "No calvinismo, Deus violenta a vontade da criatura para que esta seja salva ou condenada"

Resposta: Na verdade, o arminiano quando levanta essa objeção, não percebe em quão grande contradição está caindo. Ora, se para o arminiano o calvinismo faz dos homens apenas robôs que são manipulados por Deus, não faz sentido dizer então que "Deus violenta a vontade do homem". Ora, robô por algum acaso tem alguma vontade para ser violentada? Os arminianos devem decidir se de fato a teologia reformada faz dos homens robôs manipulados, ou não. Se o homem tem sua vontade violentada então, por definição, ele tem uma vontade que está sendo violada. Logo, não pode ser um robô.

Como também, esta objeção já foi respondida por vários calvinistas e até mesmo por mim. A teologia reformada não ensina que o Espírito Santo regenera ou transforma as pessoas forçando a vontade delas. O termo "forçar" implica "relutância" da parte de quem está sofrendo a ação. Mas, como não há relutância no momento da regeneração, como então o arminiano poderá dizer de forma consistente que a vontade da criatura está sendo forçada? Ademais, por algum acaso a graça preveniente arminiana força a criatura pelo simples fato de Deus não ter consultado as criaturas para aplicá-la? No arminianismo as pessoas são regeneradas parcialmente apulso e tendo suas vontades caídas violentadas pela regeneração parcial? Creio que o arminiano dirá que não. De forma que, o milagre da salvação no calvinismo, é apenas uma transformação da condição humana, nada mais que isto. O relacionamento entre Deus e o eleito é de amor verdadeiro e genuíno, visto que este amor parte de Deus que é o fundamento de Tudo.

Assim sendo, podemos concluir afirmando que a Escritura é a base pela qual as proposições cristãs devem ser sustentadas. Desta forma, o amor genuíno tem por fundamento o próprio Deus, não o livre-arbítrio.  Que a graça preveniente a qual, segundo o arminianismo, concede liberdade aos homens, é incoerente. Sendo então incoerente(pelas razões já demostradas), não pode ser um meio consistente que conduz o homem para o fundamento do amor genuíno que, segundo os arminianos, é a liberdade.  Que o homem, mesmo não tendo liberdade, ainda assim não pode ser comparado a um robô. Que a graça salvífica, segundo o entendimento calvinista, não força de nenhuma forma a vontade da criatura, mas opera milagrosamente sobre ela. E que Deus, na concepção arminiana, ama mais a liberdade do que a própria criatura.

Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Afinal, pode um morto espiritual ter fé?(Uma análise de João 5:25)



Alguns cristãos com tendencias pelagianas, buscando sustentar sua fraca teologia, se utilizam da passagem  de João 5:25 para fundamentar a ideia de que o homem, em seu estado natural, pode crer no evangelho à parte da graça de Deus. A proposição pelagiana fundamentada no texto em análise é que "está claro no texto a ideia de que o homem morto espiritual pode ouvir e crer no evangelho". Será mesmo este o real sentido do texto? Ora, é inegável a clareza  da passagem em dizer que os "mortos ouvirão", mas seria então isto um fundamento para a proposição pelagiana de salvação à parte da graça mediante o convencimento do Espírito Santo? Isto é o que veremos agora.

João 5:25 diz: "Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão".

Ao interpretar uma passagem da escritura, deve-se levar em conta o contexto imediato e remoto de tal passagem. Quando Cristo faz a afirmação de que os "mortos ouvirão a sua voz", ele não poderia estar contradizendo a Si mesmo quando, em outro lugar, diz: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6:44). Ora, se crermos na inerrância bíblica, não podemos interpretar  que em uma passagem Cristo afirmou que os homens naturais podem por si mesmos ouvir a sua voz, enquanto que em outro lugar Ele diz que o homem só pode ouvir caso o próprio Deus o traga para Cristo. A bíblia é a palavra de Deus, ela não se contradiz.

Em toda a bíblia somos avisados da incapacidade do homem natural de guardar os mandamentos divinos. Esta é a realidade do homem após a queda de Adão; entretanto, é bem verdade que nem sempre foi assim. O homem, antes da queda, tinha uma natureza livre do pecado(Ec 7:25). Após a queda isto muda; o homem passa a ter uma natureza inclinada ao pecado. Em Gn 8:16, a escritura nos revela que após a queda "a imaginação do coração do homem se tornou má desde a sua meninice". O apóstolo Paulo com  maestria descreve esta situação de incapacidade na sua carta aos Romanos, com destaque para o capítulo 3. No versículo 11 deste capítulo, o apóstolo afirma: "não há quem entenda; não há ninguém que busque a Deus".  Aqui estão as provas de tal incapacidade; uma teologia séria jamais irá desconsiderar a realidade da doutrina da inabilidade e depravação dos seres humanos. O mesmo apóstolo declara novamente a incapacidade humana de entender as coisas de Deus, quando, em 1 Co 2:14, diz:"o homem natural não compreende a mensagem do Espírito Santo, pois lhe parecem loucura(...)".  Existem vários outros textos bíblicos que confirmam tal incapacidade e depravação, mas esses já são suficientes para comprovar o que queremos argumentar.

Considerando essas verdades já expostas, como então podemos interpretar Jo 5:25?

Ora, primeiramente lembremo-nos que a expressão "morto espiritual" é uma referência ao estado de incapacidade e depravação que já falamos acima. O homem é naturalmente incapaz de ir à Deus; de escolher a salvação; de obedecer a Cristo. Não negamos  a verdade de que os homens sem Deus fazem escolhas, entretanto, tais escolhas são inclinadas e condicionadas ao pecado. Em outras palavras, o homem morto espiritual, isto é, em seu estado natural depois da queda, não quer escolher outra coisa senão o pecado, não existe um arbítrio livre, mas sim cativo. Em segundo lugar, o texto não diz que os mortos irão ouvir a voz de Cristo pelo seu próprio poder e capacidade natural. Crer assim significa afirmar que a bíblia é contraditória, visto que ela afirma justamente o contrário, isto é, que os homens mortos espirituais não podem crer. Da mesma forma que Lázaro não podia ressuscitar fisicamente a si mesmo, sendo preciso Cristo ressuscitá-lo, assim também  é com a morte espiritual. Em terceiro lugar, o texto não está tratando das especificidades da atuação de Cristo e do Espírito Santo no ato salvífico do morto. O texto apenas afirma que "quem ouvir, viverá". De forma que, levando em conta o contexto imediato da passagem e também o contexto geral da escritura, três perguntas podem ser feitas ao versículo:

1. Quem ouvirá? 

2. O que Cristo primeiramente fará para que os mortos ouçam e creiam? 
3. O que acontecerá quando eles ouvirem?

1. Quem ouvirá? 

Resposta: O contexto imediato da passagem de Jo 5:25 está tratando da cura de um enfermo efetuada por Cristo junto ao tanque de betesda(Jo 5.2-9). Cura esta que provocou a ira do judeus que passaram a perseguir a Cristo por entenderem que o Senhor era um descumpridor da lei ao ordenar que o homem curado levasse o leito num dia de sábado(vers.11). Outra crítica dos judeus era que Cristo se colocava no mesmo patamar de autoridade do Pai(vers.11-18). Como resposta aos judeus, Cristo prontamente inicia a sua argumentação  afirmando sua autoridade junto ao Pai(vers.19-23). No meio dessa argumentação, antes do dito do versículo 25, Cristo, no verso 21, responde a nossa primeira pergunta quando diz : "Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica AQUELES QUE QUER". Aqui está a resposta para nossa primeira pergunta. Cristo concede vida espiritual àqueles que ELE SOBERANAMENTE QUER CONCEDER VIDA ESPIRITUAL. A vivificação para a salvação é soberana e não depende da vontade do morto espiritual, pois se dependesse, o tal jamais ressurgiria espiritualmente. Logo, de acordo com o contexto, os que ouvem são aqueles que são primeiramente vivificados por Cristo.


2. O que Cristo primeiramente fará para que os mortos ouçam e creiam?

Resposta: A resposta para esta pergunta também já fora respondida em nossa resposta à primeira pergunta. Ora, os mortos que crerão em Cristo, de acordo com o contexto da passagem, assim farão porque o próprio Senhor irá vivificá-los primeiramente. O ato de crer é resultado de uma ação prévia de Cristo, isto é, a ação da vivificação. A voz de Cristo soará aos ouvidos DAQUELES MORTOS QUE ELE QUER VIVIFICAR de uma forma eficaz e poderosa. É a voz de Cristo que dará vida aos mortos espirituais(Jo 5:21). É referindo-se a Cristo que o apóstolo Paulo afirma: "E nos VIVIFICOU estando nós mortos em delitos e pecados"(Ef 2:1). A bíblia não se contradiz, o homem não pode ouvir(crer) sem primeiramente a ação vivificadora de Cristo o tocar.

3. O que acontecerá quando os mortos ouvirem?

Resposta: Como já dito, a voz do Cristo ressoará de forma vivificante dando vida aos mortos; estes ouvirão a voz do Cristo, e, ressurgindo de sua morte, viverão. Em outras palavras, esses mortos serão salvos. Note que tudo parte primeiramente de Cristo, e não do próprio morto. A voz de Cristo atua de forma eficaz no coração do homem natural o qual o Senhor pretende vivificar, e por consequência disto, o homem crê. Porém, a voz de Cristo não tem a mesma intenção salvífica quando é falada ao coração do não-eleito, ou seja, no coração daqueles que o Senhor não irá vivificar. Hoje, a voz de Cristo ecoa através da mensagem do evangelho e tem apenas o efeito salvífico e eficaz naqueles que Ele elegeu; nos demais, a voz de Cristo é cheiro de morte e condenação(2 Co 2:16).

É bem verdade que existe a interpretação arminiana de uma graça preveniente sobre todos os homens que os regeneram parcialmente capacitando-os a terem fé . Entretanto, tal ensino é incoerente, portanto, anti-bíblico. Não oferecerei aqui uma refutação de tal ensino; já fiz isto quando escrevi o texto intitulado "A incoerência da graça preveniente e da regeneração parcial no arminianismo. Há também outros textos que  podem servir como defesa da soteriologia calvinista aqui em meu blog. Desta forma, podemos concluir afirmando que o texto de João 5:25 não oferece nenhum fundamento para as teorias pelagiana, semi-pelagiana e arminiana. A verdade da revelação em João 5:25 de fato diz que os mortos ouvirão e viverão, entretanto ouvirão mediante o poder vivificador do Filho. Como também, esses mortos os quais Cristo refere-se em João 5:25, são aqueles que O FILHO QUISER DE FORMA SOBERANA VIVIFICAR. Estes sim ouvirão mediante a vivificação, e viverão.

Solus Christus

Álvaro Rodrigues


sábado, 27 de junho de 2015

Deus se manifesta em todas as religiões?


Não é novidade pra ninguém que a crença em valores morais absolutos, nos dias de hoje, tem virado motivo de chacota  visto a sociedade atual ser predominantemente relativista em sua concepção de mundo. É levando isto em conta que traremos à discussão, neste texto, um  tema bastante polêmico de nossos dias. Este assunto não é outro senão a questão da possibilidade de Deus se manifestar e salvar à partir dos ensinos de outras religiões além da própria religião cristã. Para alguns cristãos relativistas isto é possível, para cristãos mais conservadores, como é o meu caso, isto é impossível e até incoerente. Qual então seria a ideia mais coerente? É possível acreditar que Deus se manifesta em todas as religiões? Tentarei demostrar a incoerência dos cristãos que acreditam na possibilidade de que Deus se manisfesta em várias religiões, e também demostrarei a minha posição particular.

O cristão relativista diz: "É incoerente acreditar que somente no cristianismo há salvação, pois existem várias nações com culturas e com religiões diferentes que não conhecem nada sobre o cristianismo. Logo é mais coerente acreditar que Deus se manifesta em todas as religiões que existem".

Resposta: Bom, a primeira questão a ser considerada é que o tal relativista deverá demostrar qual a contradição ou erro em crer que somente através de Cristo há possibilidade de salvação. Ora, qual a contradição ou incoerência nisto? O fato de pessoas não conhecerem a Cristo não prova a incoerência da máxima cristã de que há salvação somente em Cristo. A única coisa que fica comprovada nisto é o que a bíblia já relatara em Romanos 1:18-25:


"Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.

Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;

Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.

E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.

Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;

Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém."


Está aí a resposta bíblica para os relativistas religiosos. 

O fato de existirem várias religiões só demostra uma única coisa: A DEPRAVAÇÃO E CEGUEIRA HUMANA. Os homens deteram A VERDADE DE DEUS em injustiça. Deus tem apenas uma verdade; isto é ser coerente. Não pode existir mais de uma verdade em Deus; uma contradizendo a outra. Não faz sentido a máxima relativista de que Deus se manifesta em todas as religiões. Por quê? Simples, porque isto faria de Deus um ser contraditório, com vários princípios doutrinários e morais auto-excludentes. Que tipo de deus é esse que se manifesta no budismo afirmando que Cristo "Foi um grande Mestre e passou muitos anos de sua vida em mosteiros  budistas no Tibet e na Índia. (Para os budistas ocidentais, Jesus é um homem iluminado), mas que no cristianismo diz que Jesus é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.1,2,12, 14)? Que tipo de deus contraditório é esse que diz que Cristo, no judaísmo histórico, não é o messias, mas no cristianismo Ele é o Messias? Que tipo de deus contraditório é esse que através do cristianismo diz que a salvação é pela fé em Cristo, enquanto que, através de outras religiões, a salvação é por obras de caridade, e que fora da caridade não há salvação? Que deus contraditório é este que revela, através do islamismo, um Cristo que é apenas um profeta e mensageiro de Deus, enquanto que no cristianismo revela Cristo como o Deus encarnado? Isto sem falar das outras religiões cada uma com seus dogmas e ensinos auto-excludentes. 

Diante destes fatos, penso não fazer muito sentido acreditar em um deus que se revela de uma forma para os cristãos, e contradiz o que revelou para os cristãos quando se relaciona, por exemplo, com os budistas. Desta forma, não se sustenta logicamente a crença de que Deus se manifesta em todas as religiões.

Qual seria então, por exemplo, dessas crença citadas acima, a que faria mais sentido?  Ora, em primeiro lugar penso que se acreditarmos EM CADA PALAVRA ditas pelo próprio Cristo, ficará difícil negarmos sua divindade e outras verdades que são negadas justamente por essas religiões já citadas(Budismo, Islamismo, Espiritismo, Judaísmo). O problema de muitas dessas religiões e de outras, que contemplam Cristo como apenas um "bom mestre da moral ou profeta", é que de forma subjetiva selecionam as passagens bíblicas que são de seus interesses e desconsideram aquelas que claramente atestam a divindade do Cristo e outras verdades relacionadas a Sua pessoa. O que também é muito incoerente, por quê? Porquê estes mesmos religiosos usam a bíblia até onde ela lhes satisfazem.E quando assim o fazem, argumentam que " a bíblia não é infalível e contém muitos erros, sendo assim, não devemos considerar tudo o que Cristo disse". Bom, se é assim, como estes religiosos podem afirmar com convicção que Cristo de fato foi um mestre da moral ou profeta? Se a bíblia contém erros, o que garante que estes erros não se encontram justamente nas passagens que dão a entender que Cristo fora apenas um grande mestre da moral ou profeta? Se a bíblia é um livro cheio de falhas, como posso ser coerente fundamentando minhas proposições em cima deste livro? Daí nota-se como o relativismo e subjetivismo desses religiosos são incoerentes. Eles não podem sustentar de forma coerente  nem o que eles creem, e querem acusar de incoerência os que creem na verdade absoluta da palavra de Deus revelada, isto é, a Escritura Sagrada.

O cristianismo bíblico é coerente porque de fato aceita tudo o que fora revelado a respeito de Cristo, e não apenas aquilo que o convém. Cristo não é apenas um mestre da moral ou profeta; Ele é Deus. Ele é o padrão absoluto de toda a moralidade e doutrina. Deus não tem várias verdades, ELE É A VERDADE ABSOLUTA E INCONTESTÁVEL. O próprio Cristo diz: "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA, NINGUÉM PODE IR AO PAI, SENÃO POR MIM(Jo 3:16). Ora, dar uma declaração dessa é uma prova incontestável de que Ele não é apenas um mestre da moral; ELE É A VERDADE, ou seja, é o próprio Deus. Só alguém com uma autoridade sobrenatural poderia fazer tal afirmação, do contrário, ou Cristo era louco, ou mentiroso. Se for mentiroso, não pode ser um mestre da moral, pois, que mestre da moral seria ele ao mentir de uma forma tão descarada? Se for louco,  também não seria mestre da moral; seria apenas alguém que não merecia ser levado a sério por conta de sua loucura. 

Alguém poderá dizer " mas e o cristianismo com suas divergências internas? " Bom, de fato existem divergências dentro do cristianismo. Entretanto, estas divergências são em pontos secundários, e não em pontos que comprometam a verdade da escritura. E quando há algo que comprometa a verdade bíblica, tal ensino é considerado herético e anti-bíblico. Ademais, apesar das divergências, não cremos em vários Cristos, em vários deuses(um contradizendo o outro), ou em vários caminhos para a salvação. Por exemplo, a concepção da aplicação da salvação no cristianismo pode variar, mas o Cristo e a salvação são os mesmos. E as diferentes interpretações no cristianismo é demostração apenas da incapacidade humana em compreender totalmente a verdade de Deus revelada na escritura, e não que existam várias verdades. Ou seja, a falha se encontra nestes homens e não na verdade única de Deus. O cristianismo ortodoxo, por exemplo, tem seu credo apostólico como uma confissão que resume a fé autenticamente cristã. Este resumo é crido pelo cristianismo verdadeiro e bíblico.

Desta forma, creio com toda a convicção que Deus se revelou através de seu Filho e de sua palavra escrita, isto é, a escritura(Jo 5:39). E que é mais coerente acreditar que Deus tem apenas UMA VERDADE, mas que os homens, após a queda, buscaram para si outros caminhos mudando assim a verdade eterna e perfeita deste Criador( Rm 1). E que afirmar que Deus se revela em todas as religiões, faz desse deus um ser contraditório. E sendo este deus contraditório, o caminho mais prático seria rejeitá-lo. 


Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Jesus era a favor do casamento gay?


Atualmente, um dos assuntos mais discutidos, sem dúvida,  é o casamento gay. Tanto na esfera política quanto na religiosa o tema é bastante discutido e estudiosos, conservadores e progressistas, discutem de forma acalorada sobre esta questão. Já demostrei no texto "A ordem natural fundamenta a incoerência do casamento gay"  algumas consequências negativas que a aprovação do casamento gay na esfera civil poderia trazer  para a sociedade. Meu objetivo agora focaliza-se  na questão teológica propriamente dita. Isto devido ao fato de existir pessoas que se auto-denominam cristãs, que buscam legitimar biblicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Este texto será uma breve resposta a esses que se dizem cristãos, não com o objetivo de humilhá-los, mas de demostrar suas incoerências.

Alguns defensores do casamento gay, que se auto-denominam "cristãos", argumentam : " Não existe nenhum verso bíblico que demostre Cristo sendo contrário ao casamento gay. Somente Moisés, os profetas e os Apóstolos eram contrários a isto"


Resposta: À Princípio é bom que se saiba que esta tentativa de dissociar os ensinos de Moisés, Cristo, os profetas e os apóstolos, não significa outra coisa senão descredibilizar a crença histórica do Cristianismo ortodoxo de que a escritura é a inerrante palavra de Deus. Entretanto, estes pseudo-cristãos, tentando achar contradição entre os ensinos de Cristo e dos demais personagens bíblicos, acabam eles mesmos caindo em sua própria armadilha, pois, se a bíblia é contraditória, e não é inerrante, o que garante a eles(defensores do casamento gay) que Cristo seja contrário ao casamento gay ou não? Ora, se o livro em que eles buscam fundamentar a ideia de que "Cristo não era contra o casamento gay" é recheado de erros, como estes defensores do casamento gay podem garantir que Cristo era a favor do casamento gay"? Como eles podem ter certeza disto? Como eles podem fundamentar uma convicção baseando-se em algo que, para eles próprios, não é inerrante mas que contém erros e incoerências? O que garante que a visão deles não esteja errada também?

O segundo ponto é que, mesmo Cristo não falando diretamente sobre casamento gay, ele foi claro em definir o que era, em sua concepção, o casamento legítimo quando disse:


Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.

Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher,

E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.

Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.(Marcos 10:6-9)

Primeiramente fica claro que, para Cristo, o casamento está fundamentado na ordem natural da criação que é universal. E a ordem natural da criação estabelece a realidade da existência de apenas dois sexos; o que passar disto é anti-natural. De forma que Cristo, quando falou isto, se baseava  na ordem da criação estabelecida por Deus, por meio dele mesmo( Cl 1:16), e os apóstolos também fundamentavam sua posição tanto neste princípio natural  estabelecido pelo criador, quanto pela confirmação do próprio Cristo à este princípio natural.

Uma outra questão é que este princípio ou ordem natural faz com que a prática homossexual continue sendo um pecado aos olhos de Deus. Por quê? Porque esta ordem natural(dois sexos/macho e fêmea) estabelecida por Deus, É UNIVERSAL, e não apenas local e restrita aos tempos bíblicos. A prática homossexual é uma quebra daquilo que fora estabelecido naturalmente por Deus : "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.  Claro, não estamos querendo classificar a homossexualidade como o maior dos pecados; apenas colocamos esta prática como UM dos pecados resultantes da queda. A queda de Adão afetou o homem em todos os aspectos possíveis. Afetou seu intelecto, vontade, comunhão espiritual com Deus, sua condição física etc(Rm 3).

Muitos defensores da homossexualidade argumentam que o fato de terem tendências homossexuais,  isto por si deveria servir como fundamento para a legitimação da prática homossexual. Ora, se for assim então por que também não legitimarmos as tendências de certos indivíduos referente ao adultério? Sabemos que existem muitas pessoas com tendências à infidelidade, à prostituição, e tantas outras práticas. O que define a legitimidade de uma prática não é a tendência particular de certas pessoas, mas sim se tal tendência é  natural e assim legitimada por Deus. Se a tendência fosse fundamento para legitimar uma prática, a sociedade se auto-destruiria, visto que muitas tendências contrariam a ordem natural das coisas que por Deus foram estabelecidas. Desta forma, a tentativa de certas pessoas em buscar sustentar suas tendências homossexuais baseando-se na escritura, não se sustenta.

Assim sendo, podemos concluir que Deus estabeleceu uma ordem natural, leis e princípios pelos quais a humanidade deve basear-se. E que Cristo em momento algum anulou o que Deus estabeleceu, muito pelo contrário, Ele confirmou e defendeu. E que não há contradição nenhuma entre o que Cristo, Moisés, os profetas e Apóstolos ensinaram. De forma que a palavra de Deus permanece viva e infalível para todo o sempre.

Sola Scriptura

Álvaro Rodrigues


segunda-feira, 4 de maio de 2015

A bíblia apresenta um Deus de Amor, Justo e Bom, mas que mata e destrói certos pecadores. Isto prova a falibilidade das Escrituras?


Hoje é assim: É só você defender a infalibilidade das escrituras, que isto, na mente de muitos racionalistas baratos, te faz um ser retrógrado, que não pensa, ou que não tem autonomia. Claro, a revolta do homem natural contra às coisas de Deus não é algo recente. No decorrer da história, homens se esforçaram em tentativas que objetivavam a anulação da ideia de Deus, da bíblia e da religião. Hoje em dia essas  tentativas continuam. Os cristãos são desafiados todos os dias a testarem sua fé, e se não estiverem preparados, serão facilmente sucumbidos pelos encantos do relativismo pós-moderno.

Mas enfim, vamos ao que interessa. Não pretendo tratar aqui de tudo o que é de argumentação contrária à infalibilidade da escritura. Meu objetivo é apenas o de responder a pergunta que é o título do texto.

A bíblia nos faz conhecer um Deus de amor, longânimo e misericordioso(Sl 86:15, 103:8, 145:8). Isto é algo revelado em toda a escritura, tanto na Nova, como na antiga aliança. Entretanto, principalmente no Antigo Testamento, vemos um Deus que pune, destrói nações, e que condena à morte certos pecadores(Nm 21: 3, Dt 20:17, 1 Sm 15:3). Como conciliar essa questão? Há contradição no fato de Deus ser amorosos e bondoso e ainda assim destruir nações tidas por "inocentes"? A bíblia apresenta um Deus contraditório ou de dupla personalidade? A bíblia contém erros?

Os críticos da bíblia argumentam: "Deus, no AT, condenava à morte os homens, destruía povos inocentes, punia os pecadores com a morte, desta forma Ele não é Justo, Santo e Bom como diz a bíblia. Mas se ele é Santo, Justo e Bom, Ele não poderia matar, destruir nações e os pecadores, do contrário, a bíblia estaria entrando em contradição".

Resposta: A primeira questão a ser analisada aqui é a seguinte: Onde está escrito na bíblia que a bondade, a justiça e a santidade de Deus são definidas de uma forma em que Ele jamais possa destruir os pecadores? A bíblia, por algum acaso, diz que é errado Deus punir os pecadores com a morte? A bíblia, por algum acaso diz que, por Deus ser amor, Ele não pode destruir, matar e ferir? Não, ela nunca diz isto! Então como alguém pode dizer que a bíblia contém erros? Ora, a critica de contradição faria sentido se: 1- a bíblia tivesse dito em algum verso específico que, por Deus ser amor, Ele JAMAIS destruiria o pecador quando, em outros versos,  é revelado  Deus fazendo justamento o contrário. 2- ou que o amor de Deus é definido de uma forma que anula a sua ira contra os pecadores. MAS A BÍBLIA NÃO DIZ OU DEFINE O AMOR DE DEUS DESSA FORMA, e se não diz ou define dessa forma, qual então é a contradição? É o crítico da bíblia que quer achar contradição onde não existe. Logo, o erro é do crítico da escritura quando a usa para tentar achar contradição entre o amor e a ira divina contra o pecado.

Em segunda lugar, sim, a bíblia diz que Deus é bom, mas não diz que a bondade Dele afasta a sua ira contra o pecado. Ademais, a bondade divina é definida por um outro atributo divino, isto é, a soberania de Deus. Na bíblia Deus é apresentado tendo misericórdia de quem Ele quer( Rm 9:15) Essa é a definição de bondade divina, isto é, bondade soberana. Deus é bom, Deus é amoroso, Deus é longânimo, mas somente com quem Ele deseja ser. Como também, a justiça divina não deve ser medida pelas nossas réguas humanas. Deus é justo por definição. Quando Ele mata, é justo; quando Ele fere, é justo; quando Ele empobrece um homem, é justo; quando enriquece, é justo. Ele é Deus, tudo é Dele, e Ele não nos deve nada. Deus não tem obrigação moral nenhuma em ter misericórdia de quem quer que seja. A graça de Deus é um favor imerecido, e não um favor que merecíamos; não merecemos benevolência nenhuma. Então, quando reclamarmos de Deus, questionemos  primeiramente o motivo Dele, até hoje, não nos ter destruído.

Alguns dirão que este tipo de pensamento faz de Deus um Ser que age de forma parcial. Ora, isto não faz o menor sentido. Não existe parcialidade em um Deus que não nos deve nada. Não temos direito nenhum diante de Deus. Parcialidade é privar certas pessoas dos seus direitos. Como ninguém tem direito nenhum diante de Deus, disto concluímos que Deus não é parcial.

A definição bíblica de misericórdia divina se encontra associada à justiça de Deus. Deus é Santo, e por ser Santo, a sua justiça exige a punição do pecador que não se arrepende(Ap 2:5,16, Hb 9:26). Creio com toda a convicção de que a misericórdia divina para com a humanidade é exercida até mesmo no ato de justiça divina. As pessoas pensam que Deus seria bom e misericordioso somente se deixasse os homens seguir os seus próprios extintos. Ora, isto é um erro! É justamente o contrário, Ele seria menos misericordioso se fizesse tal coisa. O homem é depravado por natureza(Rm 3:23); se Deus não julgasse a vida de devassidão dos homens, o mundo estaria pior do que este no qual estamos vivendo. Se não houvessem leis, princípios morais e valores absolutos estabelecidos pelo próprio Deus, estaríamos totalmente destruídos. Uma sociedade sem limites se auto-destrói. De forma que: quando Deus pune alguém que fere suas leis, isto por definição, significa exercer misericórdia na justiça. Misericórdia, pois põe freio na maldade humana, que só tende a aumentar.

Diante de tudo o que foi escrito, podemos concluir dizendo que a tentativa inútil de encontrar contradição entre o amor divino e a ira de Deus contra o pecado seria a mesma coisa que dar murro em ponta de faca. A bíblia é a inerrante palavra de Deus, ela é totalmente confiável, é por meio dela que conhecemos a vontade de Deus.

Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O arminianismo e a salvação por graça e obras


Não é de hoje que os arminianos, buscando se esquivar das consequências negativas de sua soteriologia, reivindicam aos brados que sua teologia jamais ensinou  salvação por graça e também por obras. Esses arminianos argumentam que "  a salvação na soteriologia arminiana decorre, como ponto de partida, da ação da graça de Deus que capacita os homens para que estes se tornem aptos a responder positivamente a ordem do evangelho no que tange ao arrependimento". E acrescentam que  "é falso afirmar que a fé(não-resistir a graça), seja uma obra para salvação. Considerando tais argumentos, buscaremos respondê-los  demostrando que, de acordo com a escritura, a fé ou a não-resistência não são obras PARA a salvação, mas que ao mesmo tempo, tais ações são boas por definição, e que estas boas ações, no arminianismo, tornam-se a causa da eleição e salvação, e não a consequência.

É necessário primeiramente enfatizar a verdade de que a fé é um dom de Deus(Ef 2:8). Colocar a confiança em Cristo é uma capacidade dada por Deus, visto que o homem natural não pode exercer nenhuma boa ação para a salvação sem que antes o próprio Deus o capacite para tal. Esta verdade é crida não somente por calvinistas, mas é também aceita e defendida por arminianos. O que vai diferenciar os primeiros destes últimos é que, enquanto os primeiros(calvinistas) defendem que a aplicação da graça é irresistível naqueles que foram eleitos por Deus, estes últimos(arminianos) irão defender uma graça preveniente que pode ser resistida por todos. Já demostramos a incoerência da graça preveniente arminiana no texto "A incoerência da graça preveniente e da regeneração parcial no arminianismo " . E já fizemos uma breve defesa  da graça irresistível  e sua aplicação no ato salvífico no texto " Respostas à algumas objeções contrárias à doutrina da graça irresistível". 

Dirá o arminiano : " o ato de não resistir à graça não é uma obra para a salvação"

Resposta : A primeira coisa que devemos entender é que a ação de "não resistir a graça" é, por definição, uma boa obra, então quando se crê que somos salvos pelo fato de "não termos resistido" estamos colocando a causa de nossa salvação a essa boa ação que é "não resistir a graça". Desta forma , a salvação na cosmovisão arminiana é por graça e por boa obra, pois o não resistir é uma boa obra, e não uma má obra.  É no calvinismo que de fato a fé bíblica e a ação de não resistir não são obras  PARA alcançar a salvação. No arminianismo, a não-resistência e a fé tornam-se boas ações PARA se obter a salvação, e não boas ações como EFEITOS da eleição para a salvação. Ademais, a salvação no arminianismo sendo uma ação a priori de Deus, não muda o fato de que ainda assim a efetivação dela dependa totalmente da decisão do homem. Neste sentido, podemos entender que Deus precisa da ajuda do homem para que a salvação se torne efetiva. 

No calvinismo é diferente, a "não resistência" é consequência da eleição. Logo, quaisquer atitudes do homem(capacitado pela graça)  tais como fé, arrependimento, e não-resistência, não são tidas como as CAUSAS da salvação. A CAUSA única seria a SOBERANIA DE DEUS quando elegeu certos homens para a fé, a não-resistência e o arrependimento. De forma que, no calvinismo, a causa da salvação não é a boa ação da não-resistência, mas sim A ETERNA DECISÃO DE DEUS  de eleger para a boa ação da não-resistência. Como também, as ações de não-resistir, o arrependimento e a fé,  distinguem eleitos de não-eleitos. Estas ações demostram a eleição, o que é diferente de dizer que são CAUSAS DA ELEIÇÃO E SALVAÇÃO . Logo, não há salvação por boas ações no calvinismo. Já no arminianismo, essas boas ações CAUSAM A ELEIÇÃO de forma que a salvação é alcançada  por graça e boas ações.

Dirá o arminiano: " mas a fé nunca é vista na escritura como uma obra, mas sempre em oposição às obras".

Resposta: Claro, mas ela é sempre posta em oposição às boas obras  que eram tidas por alguns(em especial judeus) da igreja primitiva como as CAUSAS da salvação. Estas obras seriam o que o Apóstolo Paulo denomina de " obras da Lei"( Gl 3:10). Era da preocupação dos Apóstolos, em especial do Apóstolo Paulo, demostrar que a salvação não era confirmada pelo guardar da Lei, mas sim pela fé como dom e fruto da eleição(At 13:48, Ef 2:8). Entretanto, a fé salvífica é, por definição, uma boa ação que  leva inevitavelmente a outras BOAS ações as quais Deus também preparou para que, desde a fundação do mundo, andássemos nelas(Ef  2:10). Como já frisado aqui e em outros textos nossos,  é preciso notar que tais boas ações são resultados da ação prévia de Deus, o que se conhece por eleição. De forma que os arminianos jamais poderão acusar a soteriologia calvinista de defender  salvação por boa obra, visto que essas boas ações, na soteriologia calvinista, não são CAUSAS, mas efeitos da eleição .


O arminiano ainda poderá dizer : " Na teologia de Armínio, a graça preveniente é a causa última da resposta positiva ao evangelho". 

Resposta: Não. A causa última se encontra na volição positiva deste homem como resposta à ação capacitadora da graça preveniente. O papel da graça no arminianismo é capacitador. A graça preveniente é derramada sobre todos os homens para que estes se tornem capazes de crer em Cristo. Mas, a causa final da salvação se encontra na resposta destes homens, isto é, na não-resistência(obediência) ao evangelho. Na visão arminiana o homem é senhor de seu destino e eleição. Nesta visão, Deus não pode ser o Senhor da história, pois é apenas um sujeito que atua preso às decisões destes homens. Que tipo de Senhor da história é este que se encontra preso àquilo que os homens decidem?  Que tipo de soberania é esta que encontra-se algemada ao querer humano? E não adianta usar o argumento de que Deus limitou a sua soberania, pois não há nenhuma passagem bíblica que confirme isto; muito pelo contrário, existem várias passagens bíblicas que confirmam o governo soberano de Deus sobre todas as coisas(Is 46:10, Sl 115:3, Dn 4:35, Pv 21:1, 16:33 etc)


Conclusão

Desta maneira entendemos que :  em um sentido a fé não é obra, mas em outro sentido ela é sim uma obra. Ela é uma boa obra no sentido de que não é uma má ação crer que Cristo é o Salvador;  porém não é uma boa obra no sentido de ser uma  ação  humana e CAUSATIVA da salvação, mas sim uma boa atitude como um dom dado por Deus aos seus eleitos(Ef 2:8, At 13:48). Entendemos também que: sendo a ação de "não resistir a graça", por definição, uma boa obra, e ainda assim crermos que somos salvos pelo fato de "não termos resistido", estamos, desta forma, colocando a causa de nossa salvação a essa boa obra que é "não resistir a graça". De forma que, diante de tudo o que foi esclarecido, podemos logicamente concluir que a salvação na cosmovisão arminiana é POR GRAÇA E POR BOA OBRA.

Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues



domingo, 1 de março de 2015

A ordem natural fundamenta a incoerência do casamento gay



Quando exponho minha opinião contrária ao casamento homossexual, sou chamado de retrógrado, fundamentalista, preconceituoso etc. Ora,essas pessoas que me acusam com tais adjetivos deveriam usar um pouco da razão e da lógica que elas tanto veneram na atualidade quando ousarem discutir sobre o casamento gay. 


Os que argumentam  à favor da união civil gay dizem:" não existe moral absoluta, e se não existe moral absoluta nenhuma moral deveria ser imposta, logo, o casamento gay deveria ser aceito de forma igualitária como algo legítimo e natural". 

Resposta
: Por essa lógica, já que não há moral e valores absolutos, por que também não se libera casamentos entre mais de duas, três, ou quatro pessoas? Por que também não liberar o casamento de um homem com várias mulheres, ou de uma mulher com vários homens? Por que não liberar o casamento de um pai com  a sua própria filha, ou da mãe com seu o próprio filho? Ora, tudo não é relativo e os valores são construções dos homens de forma que cada um tem a sua própria concepção de casamento? Se os valores são relativos não há nada de errado e anti-natural em apoiar tais uniões. Além do mais, defender o casamento igualitário significa dizer que todos estes tipos de uniões devem receber o mesmo tratamento de consideração, apoio e apreço que o casamento gay tem recebido, pois do contrário, não é igualitário, mas sim privilegiado. Alguém poderá argumentar: "mas é o casamento heterossexual que tem recebido um tratamento privilegiado". Ora, o casamento NATURAL é heterossexual,de forma que ele não é privilegiado, mas sim o ÚNICO casamento logicamente e naturalmente legítimo. Todos estes tipos de "casamentos" acima citados, são anti-naturais, portanto, incoerentes. 

A verdade é que apoiar o casamento gay é ser à favor da contradição. É colocar as emoções acima da razão. Não estou aqui querendo reprimir a liberdade dos gays de viverem como gays. A questão não é essa! A discussão aqui é  sobre a legitimidade ou não do casamento homossexual. E o casamento gay é contrário a ordem natural das coisas visto o fato de que só há dois sexos(macho e fêmea). Portanto, baseado nessa ordem natural, somente a união civil heterossexual é legítima e natural. De forma que o casamento natural deve ser entre duas pessoas, isto é, macho e fêmea, levando em conta o fato da existência de apenas dois sexos. Logo, o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo  é anti-natural, ou seja, não faz parte da ordem natural da humanidade.


Como também, se nenhuma moral deveria ser imposta, como dizem certos defensores do casamento gay, ou certos relativistas, então retiremos do estado as leis, pois estas, por definição, são valores impostos à sociedade. As leis, por natureza, definem o que é certo e o que é errado de forma impositiva. Em nosso país matar é crime, logo quem mata será de forma impositiva acusado de "assassino e imoral". Ou seja, a lei, de forma impositiva, diz que alguém é um assassino quando mata. Então, valores são colocados  na sociedade, portanto a imposição de valores é algo comum e até natural.


Mas o que é  mais interessante é que quando estamos conversando com certos relativistas eles se dizem contrários à liberação do casamento de um homem com várias mulheres, ou de uma mulher com vários homens; se dizem contrários ao casamento de pais com filhos;  ao casamento de crianças com adultos; contrários ao casamentos entre mais de duas pessoas, etc. Pois é, cadê o casamento igualitário agora?

Desta forma, querer  relativizar o casamento e não reconhecer que o casamento está baseado na ordem natural da humanidade, seria abrir as portas para legalizar qualquer outro tipo de casamento, seja o casamento entre três ou mais pessoas, casamento gay, casamento incestuoso, casamento de criança com adulto etc. Mude a ordem natural do casamento  e você mudará também a sua estrutura; o que, por consequência, desmantelaria toda a estrutura familiar, moral e ética.


Soli Deo Gloria

Álvaro Rodrigues