Os relativistas morais são rápidos em sua negação de padrões morais objetivos, mas, ao mesmo tempo, são os primeiros a protestarem objetivamente contra as maldades de Hitler ou de qualquer outro sujeito.
Ora, se é correta a posição relativista que diz que tudo é uma questão de discurso, e que sendo assim, não existe padrão objetivo acerca da moralidade, não faria diferença alguma definir Hitler como um santo ou como um ditador assassino. Os relativistas sabem disso, mas não assumem as implicações de sua posição.
Mas esse é apenas o problema moral. Existe também o problema lógico. Quando o relativista diz também "que fatos objetivos não existem", termina sendo, em seu discurso, um fato objetivo de que "fatos objetivos não existem". Do contrário, ele não teria feito a afirmação. Quem afirma algo, afirma baseado em conhecimento, do contrário, não teria feito ou não deveria ter feito afirmação alguma. Se o relativista ou qualquer pessoa faz afirmações do tipo " isso é assim, aquilo é assim, etc." é porque tal pessoa se auto-proclama, em algum nível, conhecedora do que afirma. Do contrário, não teria feito afirmação ou não deveria ter feito afirmação. Portanto, quando o relativista afirma que fatos objetivos não existem, ele se auto-refuta em seus próprios termos, visto que ele está assumindo, por meio de afirmação, ser fato objetivo que "fatos objetivos não existem".
Mas se o relativista não tem conhecimento sobre a existência de fatos objetivos e de moralidade absoluta, por que então afirma com ares de certeza inconteste a negação de ambos? Para negar a existência de moralidade objetiva o relativista precisou analisar para concluir com a negação. O problema é que se essa análise foi feita ela sempre vai desembocar em contradição lógica e em problemas morais insolúveis. Portanto, se o relativista analisou, sua análise é contraditória. Mas se ele não analisou, por que faz afirmações para negar moralidade objetiva e fatos objetivos com ares de certeza objetiva?
Conclui-se, portanto, que de uma forma ou de outra o relativismo é insustentável.
Muitos perceberam isso, e assim abraçam o posicionamento cético de que o conhecimento é impossível. Mas não é preciso pensar muito para descobrir que quem apregoa que o conhecimento é impossível de ser alcançado, está assumindo que já o alcançou. Quem afirma que o conhecimento é impossível de ser alcançado está reivindicando ter conhecimento disso.
Soli Deo Gloria
Álvaro Rodrigues